Esse artigo tem o intuito de discutir os resultados de uma pesquisa com mulheres policiais em um batalhão de um município do estado de São Paulo entre 2015 e 2016 a partir das dificuldades sensíveis de acesso ao campo. O texto é dividido em duas partes. Na primeira, submetemos a literatura da especialidade no Brasil a uma revisão crítica pela ausência manifesta de uma discussão aprofundada da situação de pesquisa sobre gênero em instituições policiais. Na segunda parte, tentamos evidenciar a forma como determinadas opções teóricas – a análise das máscaras do Estado, o potencial disruptor de gênero nas polícias, a masculinidade persisiva – foram iluminadas pelos limites metodológicos à abordagem de cariz etnográfico e opacidades enfrentados na pesquisa. O Estado aparece como uma peça fundamental neste texto, pois ele não simplesmente se esconde e se torna opaco como gera, por intermédio dos seus funcionários em interação conosco, na condição de pesquisadoras em ciências sociais, diversas camadas de máscaras que permitem que este se vá sugerindo e simulando, enquanto se nega a ser adivinhação e conhecido, limitando desse modo o fluxo da comunicação que é a base da pesquisa social. Concluímos pela necessidade de comprometer as universidades na desocultação destes processos em instituições públicas tecendo uma crítica a “éticas” acadêmicas normativas que sirvam apenas para aprimorar e tornar mais criativas as velhas opacidades do Estado e das polícias militares.