Este livro reúne um conjunto de contributos sobre a história da polícia e do policiamento em Portugal nos últimos dois séculos e meio. Nos diversos capítulos conseguimos deslindar as múltiplas texturas das interações e relacionamentos entre polícias e cidadãos. Os autores apresentam um amplo e variado leque de propostas temáticas e analíticas: as várias “formas da polícia”; a composição social das forças policiais e sua distribuição pelo território; as classificações e controlo de grupos como os “criminosos”, os “fadistas” e os manifestantes que tomaram as ruas durante a Primeira República. As políticas de segurança pública, os quotidianos de trabalho e controlo policial, bem como as memórias e representações culturais engendradas em torno da polícia e dos seus agentes, surgem detalhadamente analisadas neste livro. O objetivo da obra é dar conta dos estudos que nos últimos anos têm tomado direta ou indiretamente a polícia como objeto de estudo e, simultaneamente, lançar as bases para investigações futuras.
Esquadra de polícia é um retrato de uma força de segurança urbana mas é, também, a ilustração de um país onde, no que diz respeito ao policiamento, a democracia se foi instalando aos poucos. O livro traduz, nos aspectos mais sensíveis da vida quotidiana e das relações humanas, as estratégias e tácticas desta instituição, dos polícias nos bastidores de uma esquadra e nas ruas e vidas dos agentes, passando pelas tramas do difícil policiamento de um crime público, como é o da violência doméstica. O livro termina com uma questão: “Que futuro estará reservado às esquadras”?
Do que falamos quando falamos de policiamento? De ordem e segurança, mas também de responsabilidade e cidadania, de planos de acção e relações de poder expressos em quotidianos vividos e narrados. Falamos inevitavelmente de países e sociedades. A literatura sobre temas policiais tem estado muito marcada por modelos e problemas que surgem a partir de contextos anglo-saxónicos. Sabemos ainda muito pouco acerca do que se passa em países de língua portuguesa. Esta coletânea é um passo no sentido do alargamento a novas mundivisões e desenlaces do problema da segurança pública e do policiamento em Portugal e no Brasil contemporâneos. Para tal foram convidados a participar alguns dos pesquisadores que, de ângulos e disciplinas muito diferentes, mais têm refletido e escrito sobre o assunto. Ao partilharem um passado colonial, uma história de ditaduras longas, a reconversão complexa das polícias nacionais e o enfrentamento de uma certa indiferença/desconfiança coletiva face à autoridade policial, os estudos portugueses e brasileiros podem abrir novos caminhos à reflexão neste domínio das ciências sociais, políticas e criminológicas.
O que fazem os polícias? Como classificam os meios sociais e as pessoas com que se cruzam? Como são organizados os seus serviços, o seu trabalho? Que carreiras projetam? Que situações enfrentam na instituição e nos seus quotidianos? O livro que vão ler responde a estas e muitas outras perguntas. Pela primeira vez entramos diretamente no coração da atividade dos polícias de segurança pública em Portugal.