Este texto propõe o resgate do conceito de “carreira subjetiva”, de Everett Hughes, no seio de uma teoria social das organizações. O objetivo mais específi co consiste em propor uma análise da forma como é percepcionada por polícias uma certa lógica nas suas trajetórias profissionais. O texto baseia-se numa etnografia recente desenvolvida em esquadras de Lisboa. Nele são exploradas as construções subjetivas que estão na base das fases da vida profi ssional dos agentes e a definição de certos estilos de ser polícia. Sempre que oportuno, são apontadas algumas diferenças manifestas na socialização de homens e de mulheres nesses contextos.
Las prácticas clasificatorias que se producen en las interacciones cotidianas entre policías, tanto en su dimensión cognitiva y comunicacional como en su dimensión de poder y dominación, caracterizan un aspecto fundamental del medio policial. A partir de una reflexión sobre diferentes materiales discursivos, se propone el análisis histórico y etnográfico de una categoría que, pese a que hoy se reduce a un término, mitra, revela una cierta agilidad y poder performativo por su adaptación a contextos históricos diferenciados. El análisis de este estereotipo, que ha cristalizado como el nudo de un discurso que refleja experiencias y prácticas profesionales concretas, tiene como objeto revelar hasta qué punto las representaciones sobre las complejas y conflictivas realidades urbanas participan igualmente en la construcción de esa misma realidad.
When organisations go through a reorganisation phase, it is more than probable that the social and professional reproduction phase will be particularly tense. To illustrate my point, I use ethnographic data on two different organisations and professions: typographers and policemen in the Portuguese context. In the text considerable importance is attributed to the expression of forms of resistance to change, to cycles of renovation and remodelling organisations go through. In order to describe and analyse the social interactions and cultural representations that are drawn in social reality, the ethnographic method of observation has turned out to bean essential tool.
Les villes vivent de et sont également vécues au travers des métiers. L’article porte sur l’ethnographie de trois métiers de la ville : cuisiniers macrobiotiques, ouvriers typographes et tatoueurs «professionnels». Il propose d’explorer et de comparer la façon dont le corps assume le rôle de protagoniste. Les métiers appréhendés impliquent tous de la dextérité, de la participation, de la coordination et un développement différentiel des cinq sens.
O artigo dá conta dos principais resultados globais do projecto de investigação Memória e Identidades Profissionais – Reprodução de Sistemas Sócio-Técnicos (Praxis/ FCSH/P/ANT/44/96), que decorreu no Centro de Estudos de Etnologia Portuguesa entre Outubro de 1997 e Março de 2000. Discutem-se as balizas conceptuais e metodológicas mais importantes da pesquisa – a noção de sistema sócio-técnico tal como foi aqui desenvolvida, o conceito de carreira, os recursos proporcionados pelos métodos biográficos e pela construção de cadeias operatórias – salientando-se a preocupação constante de conjugar a observação micro de trajectórias, interacções e interpretações individuais com o estiado dos contextos em que aquelas têm lugar e com a elaboração de modelos visando uma compreensão global do objecto. Comparam-se em seguida as diferentes modalidades de construção e reprodução dos quatro grupos em estudo e da sua identidade ocupacional, salientando-se o papel fulcral que aí adquirem os processos de elaboração social da qualificação, nos quais se entrelaçam procedimentos técnicos, dinâmicas de relação e redes de significado.